quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Como a falácia burguesa sobre os impostos te faz pensar que são estes os únicos motivos dos preços altos


Imposto, taxa e tributo. Só mesmo nas aulas de direito tributário dá para se ter uma noção de que são coisas diferentes. Visto que, para a grande maioria que paga esses encargos, estes são apenas meios do “Estado” roubar dinheiro da população e de encarecer os alimentos, o vestuário, os bens móveis, imóveis e tudo o mais que o seu rico “dinheirinho” pode comprar.

Apesar de o Brasil, como noticiado, ter uma das mais altas cargas tributárias do mundo, uma das coisas que ninguém lhe conta é que esses encargos são os meios de se fazer cumprir a terceira geração de direitos implementada justamente com um marco histórico do capitalismo: a Revolução Francesa e o seu ideal de fraternidade.

Sim, o conjunto de palavras Liberdade, Igualdade e Fraternidade não foram retirados da Bíblia e também não são fruto de alguma filosofia asiática. Os ideais de Liberté, Egalité, Fraternité foram as palavras de ordem dos burgueses, apoiados pelo descontentamento do povo com a monarquia, para instituir a democracia e tomar o poder do rei, que, por óbvio, só deixou o poder depois de muitos conflitos e de sangue derramado.

Outro segredo dos impostos, que nem é tão segredo assim, pelo menos não para aqueles que ao menos tentam raciocinar, é que os impostos, na sua esmagadora maioria, não recebem valores expressos. Os encargos são uma porcentagem do preço final do produto. Sendo assim, R$ 0,10 sobre uma caneta de R$ 1,00 e R$ 2 mil sobre um carro de R$ 20 mil. Isso se jogarmos um imposto hipotético de 10%.

Assim sendo, R$ 15 mil de impostos em um carro pode até parecer um absurdo e nos fazer pensar, ao menos em um primeiro momento, que o Estado tem sido sim o grande vilão. Mas ao sabermos que o valor cobrado é apenas uma porcentagem do valor final do produto, vemos que os encargos chegam a esse patamar graças ao superfaturamento do produto.

Superfaturamento, sim. Exemplo simples disso é o iPhone. Símbolo de status e grande motivador da defesa do capitalismo por alguns pobres, que se valem da máxima de que em Cuba não tem iPhone, para continuarem sendo escravizados pelos burgueses.

O aparelhinho que nos EUA custa US$ 600 é vendido no Brasil por quase R$ 5 mil. Muito acima dos R$ 1,9 mil da conversão direta de valores da taxa de hoje (1 para 1,8) e também muito além daquilo usado para pagar os tributos de importação, que, obviamente, são muito menores que os 60% pagos por pessoas físicas, e que, mesmo que se fossem assim, elevariam o valor final do celular para R$ 3 mil. Deixando R$ 2 mil de diferença nessa conta.

O que me leva a seguinte conclusão: ou você subsidia o custo dos aparelhos vendidos na América do Norte – que são comercializados por um valor menor que o de custo e complementado pelo lucro nos países subdesenvolvidos –, ou então colocam esse valor porque sabem que você é trouxa e vai exaurir metade do seu salário em um carnêzinho das Casas Bahia, só para ter um pouco da sensação do que é ser burguês. Eu, com a devida vênia, acho que o motivo é o segundo.

Digo mais, caro amigo. Caso você não saiba, o que te faz ser burguês não é seu carro, seu micro apartamento e nem seu iPhone financiado. Isso, pelo contrário, só te torna escravo dos burgueses e dos seus encargos e juros, que ultrapassam os valores cobrados pelos tributos, alcançando mais de 100% do valor do produto e que de forma alguma voltam como qualquer benefício pra você.

Por fim, a verdade é que a Revolução Francesa que tinha como mote nos livrar das mazelas do rei, acabou por nos tornar escravos de uma nova classe que, desde aquela época, sempre nos prometeu melhores condições de vida. Promessa essa que, como bem sabemos, só se concretizou para aqueles que já eram detentores do poder econômico e dos meios de produção.

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